Por Josinaldo Firmino dos Santos
Na visita ao Museu de Arte Sacra de São Paulo (MAS) foi possível perceber desde a construção do edifício as poucas influências que São Paulo recebeu do estilo Barroco de outros estados. O estilo mais amaneirado conjuntamente com as recriações do estilo Barroco feitos pelos artistas revelaram o saber-fazer daquela gente. Devido à localização da cidade no século XVII, alguns estudiosos chegam a dizer que esse período foi o grande adormecimento da economia e da produção artísitca de São Paulo, comparado às produções de outros estados.
Em uma das alas do museu fica o retábulo-mor com a imagem de Nossa Senhora Imaculada Conceição, as marcas do restauro são muito tímidas, mas é possível perceber mudanças nas cores mais vivas e na reconstrução de partes da face da imagem.
Chamados de bandeirantes, os retábulos paulistas subdivedem-se em quatro estilos: joanino (1740-1760), rococó (1760-1800), neoclássico e nacional-português. Há mistura de estilos, sendo muitas vezes difícil distingui-los e tachá-los, mas há características que predominam em cada um, como a presença de acabamento em dossel, joanino, fundo branco e colunas caneladas e retas, rococó.
Ao percorrer as alas do museu, percebe-se que existe um predomínio de esculturas paulistas também denominadas bandeirantes, existem imagens em madeira policromada como o “Senhor Morto”, proveniente de Sorocaba, e o conjunto escultórico de N. Sra. do Desterro, de origem portuguesa, proveniente da catedral de Jundiaí. A imagem de Sant’ Ana Mestra, de barro cozido policromado, século XVIII, é proveniente da capela da fazenda de Guaratinguetá.
A arte colonial pauslita é fortemente influenciada pela presença dos padres jesuítas, principalmente em Santos, São Vicente e São Paulo. Predomina-se a produção de imagens de estilo maneirista, esse estilo foi muito usado também na construção das igrejas. As fachadas são simples, sem decorativismo, têm frontão triangular e robustez do conjunto.
Há ainda no final dos corredores, antes da exposição de Crucifixos, dois anjos de mestre Valentim, que parecem saltar da parede. Nesse mesmo corredor existem outras imagens que exemplificam o saber-fazer da região. Num outro corredor fica a imagem de “Sant’ Ana Mestra”, de Aleijadinho, destaque para o panejamento e expressão forte da figura, típicos do artísta.
O museu mantém exposições temporárias periodicamente, a exposição visitada (“CRUX, CRUCIS E CRUCIFIXUS - O UNIVERSO SIMBÓLICO DA CRUZ”) conta com o acervo de crucifixos do próprio museu e de outras instituições, em sua maioria, expressivos, dramáticos e típicos da arte colonial paulista. Há peças de diversas épocas, tamanhos e estilos de diversas regiões brasileiras. O fundamental nessa exposição é notar a importância desse símbolo para a religião católica e sua influência na produção da arte sacra nacional. No dia 7 de junho, o Museu promoveu a abertura de nova exposição: “Vestes sagradas”, com curadoria de Percival Tirapeli, que pretende apresentar a evolução da arte sacra em vestimentas e tecelagem.
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